sábado, 30 de janeiro de 2010

gritar de alegria

Há vezes que me apetece gritar... principalmente quando o meu filho faz peso morto no meio da rua... quando não pára quieto para eu o vestir... quando se lembra que quer pintar e já estamos atrasados para sair de casa... pois deveria mesmo gritar... gritar de alegria!
Bastou-me observar durante uns momentos uma avó de um rapaz com os seus 20 anos, tetraplégico, a calma com que ela lhe dava a comida e a bebida na boca. O amor também, mas sobretudo a calma... provavelmente uma vida de dedicação... O meu coração ficou pequenino pequenino... mesmo pequenino. E ali, naquele momento, prometi a mim mesma não me queixar mais.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

a fralda


- Francisco, molhaste as cuecas do dinossauro! Tens que pedir à mãe para fazer xixi! Se não temos que te vestir uma fralda... Que cuecas queres agora? das motas ou do Mickey?
- Cueca mikei


algum tempo mais tarde... e depois de algumas idas à sanita sem sucesso...

- Outra vez filho? Ainda agora te perguntei e disseste que não querias ir à sanita! Agora temos que tirar as cuecas do Michey... Anda, vamos escolher outras. As do peixinho ou das motas?
-Peixinho.

- Mas agora não te esqueças de pedir à mãe ou ao pai para fazer cóco ou xixi! Está bem?

- sim.


Algum tempo mais tarde...

- Francisco, vamos para a sanita?

- Mãe.... xixi

- Ops, tarde de mais. Tens que avisar a mãe antes de fazer xixi filho! E agora que cuecas queres?
- Mãe....

- Sim filho...

- A fralda....

- .....

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

tempos felizes


Ser mãe não muda apenas muita coisa. Muda tudo. E quando estamos à meia noite de 31 de Dezembro, com 12 passas nas mãos a pensar em desejos, não para nós mas para o nosso filho, percebemos isso claramente.

A felicidade dele é algo me me preenche a alma... cada gargalhada dele é um sorriso enorme no meu coração. Ele faz-me sorrir (com a mesma facilidade que me faz ter vontade de chorar quando não está bem.) e acima de tudo faz-me sentir em harmonia com o mundo. Às vezes tenho vontade de congelar os momentos, para mais tarde lhe mostrar e dizer: "eram tempos muito felizes."; "Tu não te lembras, mas fomos muito felizes nós os três." Não sei porquê, mas sempre que me ocorre este pensamento, "vejo-o" em estilo fotografia dos anos 70. Mas agora que acabei de o escrever, ocorreu-me que na verdade talvez saiba porquê... adiante, que isso dava outro post.

O que na verdade me levou a escrever aqui hoje foi um pequeno acontecimento que me deixou muito contente! Hoje de manhã, cheguei atrasada ao infantário e os coleguinhas do Francisco já estavam a começar a sua caminhada matinal para o bosque. Tive que levá-lo até meio do caminho para ele os poder acompanhar. Ele deu-me um beijinho e recebeu um meu (como sempre) e lá foi todo contente. Antes da curva, voltou-se para trás para ver se eu ainda ali estava, esticou-se todo, e com um grande sorriso nos lábios, acenou-me um exagerado adeus de braço esticado... e eu a ele claro (figura de palhaça é comigo). E lá foi ele todo contente. E lá fui eu, toda contente!

domingo, 20 de dezembro de 2009

estás a rir do meu nariz?


*private para a tia catas

aparências

Este fim-de-semana fiz uma coisa rara. Meti o Francisco no carrinho. Aquele objecto espectacularmente cómodo para andar a passear com uma criança de 14kg, mais casacos e malas. É que eu sou daquelas que afirma que é uma estupidez as crianças com um certo tamanho e idade andarem de carrinho a serem empurradas pelos pais, têm mesmo é que andar a pé e aprenderem a não fugirem. Pois é, mas eu tinha que passar cerca de uma hora num centro comercial e... pela boca morre o peixe. Em minha defesa tenho que dizer que o meu filho pediu para andar no carrinho (pois ele está guardado no porta bagagens do meu carro).

Enfim, isto passou-se às 10h da manhã e sentámos-nos numa "esplanada" interior a tomar o pequeno almoço. Ao lado estava uma senhora toda composta, com cerca de 35 anos. O Francisco quis sair do carrinho (óbvio, nem sei como não previ isso antes!) e eu aproveitei para defender a minha imagem de mãe perfeita e disse em voz alta, enquanto o tirava: "pois é filho, na verdade nem devias estar aí, já tens idade para andar a pé". E fiquei satisfeita comigo própria. A senhora composta de certeza que não vai pensar que eu não sei educar o meu filho como deve de ser.

Ora, já estava eu a beber café quando aparece na mesa do lado a provável mãe da senhora composta, a empurrar um carrinho com a provável neta de uns 4 anos. Enorme para o carrinho (no meu ver claro).

E eu fiquei a pensar... "sou mesmo parva!" É mesmo coisa de mãe, tentar mostrar que é perfeita, como se tal fosse possivel.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

quente e frio


O meu filho anda novamente naquela fase de dizer que não ao banho. Até o compreendo, com o frio que está... Empina as pernas o mais alto que pode e feito trapezista agarra-se a mim com os pés na lateral da banheira a recusarem-se tocar na base.

No outro dia, quando finalmente o consegui colocar direito na banheira e a água do chuveiro tocou-lhe nos pés, começou a querer choramingar "não, mãe, não!". "então filho, está quente?" "tá quente, mãe, tá quente!" Com a mão percebi que a água estava morna, na verdade, para mim até estaria fria, mas como em questões de temperatura o rapaz sai ao pai... "Não filho, não está nada quente, no máximo está fria!" "tá fia mãe, tá fia". "Então? está quente ou está fria?" "tá quente e fia mãe, tá quente e fia!"

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

ser criativa

Já ouvi várias pessoas dizerem: "ter um filho não é fácil, dá muito trabalho!" ou: "É uma grande resposabilidade". Já ouvi dizer: "é uma decisão muito séria." ou até: "financeiramente é complicado!". Já ouvi tanta coisa... mas nunca ninguém se lembrou de me dizer: TENS QUE SER BRUTALMENTE CRIATIVA! Ah... eu até gosto de criatividade. E até não me importo de buscar criatividade sob pressão... mas entrei agora num nivel completamente diferente!!!! Não há outra saida!!!

Ele não quer ir para casa. Estou carregada de sacos, ele pesa 14kg e faz peso morto para o chão. Até se deita. No chão sujo da rua. E está frio. E só me apetece gritar. E ele ri... ainda acha piada! ok. respirar fundo. contar até 10. Criatividade. Quem me vir até pensa que sou maluquinha. Um dia resulta irmos aos pulos até à porta do prédio (lá dentro logo se vê, pelo menos o chão está supostamente mais limpo). Outro dia tenho que ir aos ziguezagues. Outro corro e digo que vou ver o panda. Outros (os piores) tenho mesmo que levar 14kg mais os sacos todos ao colo!

Ele só quer comer batatas. Lá vem o avião garfo (um clássico, obrigado a quem teve esta brilhante ideia) que tem que fazer invariavelmente o mesmo caminho e dar a volta ao jarro da água se não o aeroporto não abre a porta. Outras vezes o pai finge que come (já se sabe, toda a criança quer o que não pode ter). Outras ainda tem que ir mesmo boca a dentro (se bem que neste campo não me posso queixar muito).

Quero que ele fique quieto para mudar a fralda... o que ultimamente é mesmo uma aventura. Só tenho hipótese se cantar com coreografia, porque ele fica interessado nos gestos e pára para observar e imitar. Ora bem, mas se estou a fazer a coreografia como é que mudo a fralda? Com mais tempo do que o que era suposto!

Seja como for. O que invento hoje nem sempre resulta amanhã. E estou sempre a inventar. Para sairmos de casa; Para ir pelo seu próprio pé e não ao colo; Para irmos para casa; Para tomar banho; Para vestir o casaco; Para parar com uma birra...

se tiverem ideias, enviem!