sexta-feira, 19 de março de 2010

girafa


- Olha filho, estás a ver, ali ao fundo são avestruzes. Olha uma a passar... viste?

- Ah! olha mãe, girafas!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

está calor


filho: pai, vem aí o festival panda?

pai: não filho, isso é só no verão.

filho: vem aí o festival panda, pai?

pai: não filho, ainda falta muito é só no verão.

filho: vem aí o festival panda?

pai: não! é só no verão.

filho: vem aí o festival panda?

pai: não filho... é no verão, quando estiver calor.

filho: pai.... está calor!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Bateria carregada

O Francisco foi operado. Uma operação simples... mas uma operação com anestesia geral. Há sempre coisas para as quais não nos preparam... e a mim não me prepararam para o que é uma criança de dois anos acordar de uma anestesia! Ouviam-se os gritos do meu filho pelo corredor do hospital e eu podia meter a mão no fogo em como não era ele. Aquele não era o seu choro. Aquele era o meu filho completamente alterado, a gritar, a chorar, a dar pontapés, a não reconhecer a nossa voz... sempre de olhos fechados... E nestes momentos percebemos que por alguma razão somos pais. Que de alguma forma aprendemos a gelar o coração por momentos e a ter braços de ferro. Finalmente ele acalmou e adormeceu nos braços da (babada e também aflita) avó. E finalmente todos nós acalmámos também.

Quando o Francisco acordou já era ele. Mas muito mais vivo e com muito mais energia do que o normal. O rapazinho agora não pára! O médico disse que ele devia ficar sossegado a repousar, mas não há como. Missão impossível. Ele é pinotes, cantorias, dança... dizem que está mais oxigenado... eu digo que carregou as pilhas. Mas é óptimo vê-lo tão bem!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

fazes-me falta

Meu amor grande, fazes-me muita falta... e não é porque cozinhas o jantar todas as noites! Quando não estás sinto uma angústia embrulhada em saudade.
E o teu filho herdou o meu amor por ti. Hoje no carro veio o caminho todo a dizer que tinha uma pedra para o pai (com um pequeno intervalo para te cantar os parabéns!).
Ontem perguntaste se ele tinha ficado a chorar depois de saíres. Realmente não ficou... ainda bem que só perguntaste por ele!
Adoro-te

sábado, 30 de janeiro de 2010

gritar de alegria

Há vezes que me apetece gritar... principalmente quando o meu filho faz peso morto no meio da rua... quando não pára quieto para eu o vestir... quando se lembra que quer pintar e já estamos atrasados para sair de casa... pois deveria mesmo gritar... gritar de alegria!
Bastou-me observar durante uns momentos uma avó de um rapaz com os seus 20 anos, tetraplégico, a calma com que ela lhe dava a comida e a bebida na boca. O amor também, mas sobretudo a calma... provavelmente uma vida de dedicação... O meu coração ficou pequenino pequenino... mesmo pequenino. E ali, naquele momento, prometi a mim mesma não me queixar mais.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

a fralda


- Francisco, molhaste as cuecas do dinossauro! Tens que pedir à mãe para fazer xixi! Se não temos que te vestir uma fralda... Que cuecas queres agora? das motas ou do Mickey?
- Cueca mikei


algum tempo mais tarde... e depois de algumas idas à sanita sem sucesso...

- Outra vez filho? Ainda agora te perguntei e disseste que não querias ir à sanita! Agora temos que tirar as cuecas do Michey... Anda, vamos escolher outras. As do peixinho ou das motas?
-Peixinho.

- Mas agora não te esqueças de pedir à mãe ou ao pai para fazer cóco ou xixi! Está bem?

- sim.


Algum tempo mais tarde...

- Francisco, vamos para a sanita?

- Mãe.... xixi

- Ops, tarde de mais. Tens que avisar a mãe antes de fazer xixi filho! E agora que cuecas queres?
- Mãe....

- Sim filho...

- A fralda....

- .....

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

tempos felizes


Ser mãe não muda apenas muita coisa. Muda tudo. E quando estamos à meia noite de 31 de Dezembro, com 12 passas nas mãos a pensar em desejos, não para nós mas para o nosso filho, percebemos isso claramente.

A felicidade dele é algo me me preenche a alma... cada gargalhada dele é um sorriso enorme no meu coração. Ele faz-me sorrir (com a mesma facilidade que me faz ter vontade de chorar quando não está bem.) e acima de tudo faz-me sentir em harmonia com o mundo. Às vezes tenho vontade de congelar os momentos, para mais tarde lhe mostrar e dizer: "eram tempos muito felizes."; "Tu não te lembras, mas fomos muito felizes nós os três." Não sei porquê, mas sempre que me ocorre este pensamento, "vejo-o" em estilo fotografia dos anos 70. Mas agora que acabei de o escrever, ocorreu-me que na verdade talvez saiba porquê... adiante, que isso dava outro post.

O que na verdade me levou a escrever aqui hoje foi um pequeno acontecimento que me deixou muito contente! Hoje de manhã, cheguei atrasada ao infantário e os coleguinhas do Francisco já estavam a começar a sua caminhada matinal para o bosque. Tive que levá-lo até meio do caminho para ele os poder acompanhar. Ele deu-me um beijinho e recebeu um meu (como sempre) e lá foi todo contente. Antes da curva, voltou-se para trás para ver se eu ainda ali estava, esticou-se todo, e com um grande sorriso nos lábios, acenou-me um exagerado adeus de braço esticado... e eu a ele claro (figura de palhaça é comigo). E lá foi ele todo contente. E lá fui eu, toda contente!